Um centro de distribuição funciona como um ponto de consolidação e desconsolidação na rede logística, recebendo produtos de múltiplos fornecedores e fazendo remessas menores e customizadas para atender às necessidades específicas de pontos de venda, outras instalações ou diretamente do consumidor final.
Afinal, o centro de distribuição pode ser uma vantagem competitiva para o seu negócio?
Qualquer empreendimento sabe que a distribuição é um processo fundamental dentro da logística para o sucesso das operações.
Considerando a extensão territorial do Brasil, as empresas que atuam no país e pretendem distribuir seus produtos a nível nacional podem enfrentar grandes desafios, que exigem estratégias bem elaboradas para serem contornadas.
Podemos ver um grande número de empresas perdendo espaço no mercado simplesmente por subestimar a importância dessa etapa logística.
A verdade é que atributos como agilidade, eficiência e produtividade são fortemente influenciados justamente pelo centro de distribuição.
Por isso, conhecer os detalhes e conceitos relacionados ao centro de distribuição é tão importante.
Continue a leitura e confira!
O que é um centro de distribuição?
O centro de distribuição ou CD, é uma unidade física de armazenamento e despacho.
Em essência, é o espaço de localização estratégica onde são centralizados os processos de recebimento, armazenamento, separação e encaminhamento de produtos para a entrega.
A distribuição é uma das etapas da supply chain (cadeia de suprimentos), que envolve toda a movimentação da extração da matéria-prima até se tornar o produto e finalmente chegar ao cliente.
A localização do centro de distribuição é um fator muito importante para a logística.
Portanto, buscar locais que estejam próximos ao ponto de venda (PDV) ou às regiões em que seu produto se faz mais presente facilita o processo de distribuição, auxiliando na redução de custos e em um menor período de entrega.
Como funciona
A operação de um centro de distribuição moderno é uma orquestra de processos sincronizados, que tal entender como acontece na prática? Vamos lá!
Recebimento, conferência e endereçamento
O processo de inbound começa com o recebimento da carga, que permite ao CD se preparar para a chegada.
Na doca de recebimento, os produtos são descarregados e passam por uma conferência quantitativa e qualitativa, frequentemente utilizando scanners de radiofrequência (RF) para ler códigos de barras e validar a entrega contra o pedido de compra.
Após a conferência, o WMS determina o local de armazenagem ideal para cada item, um processo conhecido como endereçamento ou put-away, que pode seguir lógicas como a de posição fixa, aleatória (caótica) ou baseada na curva ABC de popularidade do produto.
Armazenagem estratégica e gestão de inventário via WMS
A armazenagem em um CD visa otimizar o espaço e facilitar o processo de separação. A verticalização, utilizando estruturas porta-paletes, é a norma para maximizar a capacidade cúbica da instalação.
O WMS é o cérebro por trás da gestão de inventário, mantendo um registro preciso da localização de cada SKU, controlando lotes e datas de validade, e gerenciando ciclos de contagem de inventário (cíclica ou geral) para garantir a precisão das informações de estoque, um pilar para evitar rupturas e excessos.
Separação de pedidos (picking) e suas metodologias
A separação de pedidos, ou picking, é a atividade mais crítica e de maior custo em um CD. Sua eficiência impacta diretamente o tempo de processamento do pedido e, por isso, existem diversas metodologias, e a escolha depende do perfil dos pedidos.
O picking discreto envolve um operador separando um pedido completo por vez. O picking por lote (batch picking) agrupa múltiplos pedidos para que o operador colete todos os SKUs necessários em uma única passagem pelo armazém.
No picking por zona, o CD é dividido em zonas e cada operador é responsável apenas pela sua área. O WMS consolida os itens de cada zona para formar o pedido completo.
Consolidação, embalagem e expedição (outbound)
Após a separação, os itens de um pedido são levados para uma área de consolidação, onde são conferidos novamente.
Em seguida, seguem para as estações de embalagem (packing), onde são acondicionados de forma segura para o transporte. Nesta fase, podem ocorrer serviços de valor agregado, como a montagem de kits (kitting) ou a aplicação de etiquetas especiais.
Por fim, os pacotes são pesados, etiquetados com as informações de envio e direcionados para a doca de expedição correta, onde aguardam o carregamento no veículo de transporte, um processo orquestrado para cumprir as janelas de coleta e garantir a pontualidade.
Para que serve
Com todas essas funcionalidades, é hora de entender exatamente como um CD funciona.
Para a consolidação de estoques e redução de custos
Em vez de manter múltiplos estoques menores e pulverizados em diversas filiais ou lojas, o CD permite centralizar o inventário em um ponto estratégico.
Essa consolidação reduz a necessidade de estoque de segurança em cada localidade, diminuindo os custos totais de manutenção de inventário (custo de capital, armazenagem, seguros, perdas).
A centralização também simplifica a gestão e melhora a acuracidade geral do estoque.
Para a otimização de transportes em escala
O centro de distribuição viabiliza uma série de economias financeiras de escala no transporte das mercadorias.
No inbound, a empresa pode receber cargas completas de seus fornecedores no CD, o que tem um custo por unidade muito menor do que receber múltiplas remessas fracionadas em diversos locais.
No outbound, o CD consolida pedidos de uma mesma região em um único veículo, otimizando as rotas de entrega e reduzindo os custos de frete da última milha (last mile).
Para a agregação de valor ao produto
O CD funciona como uma plataforma para a execução de Serviços de Valor Agregado (VAS ou, em inglês, Value-Added Services).
Atividades como etiquetagem de preços, montagem de kits promocionais, personalização de produtos, embalagens especiais para presente ou inserção de manuais em português para produtos importados podem ser realizadas de forma centralizada e eficiente no CD, antes da expedição.
No final, isso adia a customização do produto para o último momento possível, aumentando a flexibilidade e reduzindo a complexidade do inventário.
4 tipos de centro de distribuição
Também é importante entender os diferentes modelos de CD que existem.
1) Centro de distribuição tradicional
Esse é o modelo mais clássico, focado em receber, estocar e expedir mercadorias. Ele mantém um nível de estoque de segurança para atender à demanda prevista e funciona como um pulmão para a cadeia de suprimentos.
Sua operação é balanceada entre as atividades de inbound e outbound, com um tempo de permanência médio dos produtos que pode variar de semanas a meses.
2) Operação de cross-docking
Uma instalação de cross-docking é projetada para o fluxo máximo e o armazenamento mínimo.
Os produtos que chegam nas docas de recebimento são imediatamente conferidos, separados e movidos para as docas de expedição para serem carregados em veículos de entrega, muitas vezes sem nunca serem formalmente armazenados.
O objetivo é que a mercadoria permaneça na instalação por menos de 24 horas. Este modelo exige uma sincronização perfeita entre o inbound e o outbound e é ideal para produtos de alto giro e demanda previsível.
3) Fulfillment center para o e-commerce
Um fulfillment center é um tipo de CD altamente especializado, otimizado para atender às demandas do comércio eletrônico.
Sua principal característica é a capacidade de processar um volume massivo de pedidos pequenos e com múltiplos itens (B2C), em contraste com os grandes pedidos paletizados do varejo tradicional (B2B).
Essas instalações empregam tecnologias avançadas de picking e packing e precisam estar perfeitamente integradas com as plataformas de e-commerce para gerenciar os pedidos em tempo real.
4) Instalações especializadas
Existem também CDs projetados para necessidades específicas. Os centros de distribuição refrigerados ou climatizados são essenciais para a cadeia do frio (cold chain), mantendo produtos alimentícios, farmacêuticos e químicos dentro de faixas de temperatura rigorosamente controladas durante todo o processo.
Outras instalações podem ser especializadas em produtos perigosos, de alto valor ou de dimensões especiais, exigindo infraestrutura e processos de manuseio adaptados.
Importância na cadeia logística
Ainda não entendeu o impacto de um bom centro de distribuição? Sem problemas!
Pilar para a redução do lead time
O lead time total do pedido, desde o clique do cliente até a entrega, é fortemente influenciado pela eficiência do CD.
Um processo de separação e expedição rápido e preciso, aliado a uma localização geográfica estratégica do CD, mais próxima dos principais mercados consumidores, pode reduzir o tempo de trânsito e permitir prazos de entrega mais curtos.
Otimizador do capital de giro
Uma gestão de inventário eficiente, centralizada no CD e orientada por um WMS, permite que a empresa opere com níveis de estoque mais baixos e precisos.
Isso libera o capital de giro que estaria de outra forma imobilizado em estoque excessivo, permitindo que esses recursos sejam investidos em outras áreas do negócio, como inovação ou marketing.
Elemento de resiliência e flexibilidade
O estoque de segurança mantido de forma centralizada pode absorver choques de demanda inesperados ou atrasos no fornecimento.
A capacidade de reprocessar e redirecionar produtos rapidamente confere à cadeia de suprimentos a flexibilidade necessária para se adaptar a mudanças nas condições de mercado ou nas necessidades dos clientes.
6 dicas para um centro de distribuição eficiente
Para obter a maior eficiência possível no centro de distribuição, é preciso considerar alguns fatores.
1) Layout estratégico
A construção do centro de distribuição, considerando a disposição dos setores e, especialmente, das áreas de recebimento e armazenagem de mercadorias, faz toda diferença para a produtividade.
Podemos distinguir dois tipos de layout:
- Layout baseado no fluxo de produtos, que configura uma linha reta para favorecer o fluxo de produtos e evitar congestionamentos internos. A carga é recebida em uma ponta do centro de distribuição, armazenada na área central e expedida no lado oposto à entrada.
- Layout baseado no giro dos produtos, posicionando os produtos de maior giro mais próximos da área de separação para favorecer a produtividade e o melhor aproveitamento do espaço pela equipe. Áreas de coleta e armazenagem, apesar de serem menores em dimensão, possuem alto volume. Esteiras elevadas encaminham os produtos para a separação, liberando o uso do espaço no chão para outras atividades.
2) Faça inventários cíclicos
Realizar o inventário periodicamente durante o ano, definindo classes de produtos, é uma ótima estratégia para simplificar as operações. O inventário deve ser feito pelo menos uma vez por trimestre, integrando os dados obtidos com o setor de compras.
Questões sazonais das operações e das próprias mercadorias também podem ser consideradas para evitar a mobilização de muitos funcionários para a tarefa. Além de facilitar a identificação de falhas e as respectivas causas.
3) Gestão das entregas (distribuição e roteirização)
Seja em uma pequena empresa ou em uma multinacional, a gestão de entregas tem tudo a ver com a melhoria de processos.
A rota é um fator crítico para que a empresa consiga se manter competitiva no mercado, com uma alta produtividade da equipe e com o menor custo possível.
A roteirização de entregas faz toda a diferença para quem busca eficiência nos processos logísticos. Bem como, evitar erros no trajeto que geram mais custos como realizar caminhos mais longos, com pedágios, entre outros.
Outras questões relacionadas a roteirização é o aumento do maior nível de serviço, obtenção de preços ainda mais competitivos e economia de tempo da equipe.
4) Segurança
Além de ter que lidar com todos os processos da logística como transporte de matérias-primas, produtos, armazenagem e distribuição, as empresas devem se lembrar e dar uma atenção especial para cuidar da segurança em todas essas etapas – incluindo o centro de distribuição.
Para aumentar a segurança durante todas as etapas logísticas, pode (e deve) implementar procedimentos que visam aumentar a segurança de locais de atuação tanto de funcionários, como de parceiros.
Além de investir em educação ao informar sobre medidas preventivas que podem ser adotadas nas tarefas diárias.
5) Tecnologia aliada aos processos
Com a implementação da tecnologia, a sua empresa consegue sair na frente, aumentar produtividade, reduzir custos e ainda fidelizar os seus clientes. E essa não é uma “vantagem” que apenas grandes empresas podem ter.
Quando falamos em transformação digital, significa que é necessário implementar tecnologias e elementos digitais na cultura da sua organização.
É aquele momento em que chega a hora de deixar de lado planilhas, cadernos e controles feitos a mãos, mas não só isso, entender que todo seu processo dentro e fora do centro de distribuição pode ser automatizado.
Com isso, há ganhos em produtividade, diminuindo os possíveis erros e redução de custos.
6) Dashboard e KPIs para pautar decisões
O acrônimo KPI é proveniente da língua inglesa e significa Key Performance Indicator. Pela tradução, podemos afirmar que são indicadores chave de desempenho.
Os KPIs logísticos são indicadores que informam como está o desempenho de uma empresa do segmento da logística.
Esses indicadores são importantes porque permitem que a empresa possa gerenciar o negócio de maneira mais clara, entendendo quais pontos estão indo bem ou mal.
Podendo visualizar quais pontos não estão performando bem e tomar decisões a partir dos dados para deixar os processos mais eficientes e alinhar estratégias visando o melhor resultado. Os KPIs podem avaliar a eficácia dos processos do centro de distribuição, por exemplo.
Com as informações em mãos, é possível determinar pontos positivos e negativos na organização do centro de distribuição.
Assim como, na organização da equipe, avaliar o que está faltando, identificar erros, possíveis gargalos e implementar as melhores estratégias para otimizar a operação.
Considerações sobre centro de distribuição
O centro de distribuição moderno é muito mais do que um espaço físico: é um cérebro operacional e um ativo estratégico que dita o ritmo e a eficiência da cadeia logística.
Sua concepção, localização, tecnologia embarcada e a excelência de seus processos internos são reflexos diretos da estratégia competitiva de uma empresa. Para gestores, otimizar a operação do CD significa otimizar a entrega de valor ao cliente final.
Em uma era definida pela imediação e pela experiência do consumidor, investir na inteligência e na automação de seus centros de distribuição não é apenas uma decisão logística, é uma decisão de negócio fundamental.
Conheça todas as funcionalidades do Aplicativo de Logística uMov.me e entenda como a tecnologia pode ajudar o seu negócio: garanta sua demonstração gratuita!