Carga perigosa: conheça os tipos e saiba quem pode transportar

Carga perigosa: conheça os tipos e saiba quem pode transportar

Existem nove classes distintas de carga perigosa, podendo ser segmentadas em explosivas, inflamáveis, venosas, radioativas, oxidantes, corrosivas, entre outras. Confira todos os detalhes que envolvem o transporte deste tipo de produto.

Entender sobre cargas perigosas é um dever para quem trabalha no mercado logístico. Transportadoras, empresas embarcadoras e motoristas precisam estar cientes sobre a legislação e riscos que envolvem o transporte deste tipo de produto.

Os riscos não envolvem somente os motoristas, mas sim o ecossistema como um todo, já que em casos de acidentes podem contaminar e poluir o meio ambiente, prejudicando a sociedade como um todo.

Em um país como o Brasil, que prioriza o transporte terrestre e possui uma extensa malha rodoviária – com cerca de 75,8 mil quilômetros de acordo com o Ministério da Infraestrutura (MInfra), realizar o transporte de cargas perigosas não é tão simples quanto pode parecer.

Por isso, entender tudo sobre esse tipo de carga, estar por dentro da legislação vigente e contar com motoristas preparados para esse tipo de trabalho é essencial para o sucesso do transporte destes produtos.

O que são cargas perigosas?

Como o próprio nome sugere, as cargas perigosas se referem a certos tipos de produtos que podem representar riscos em todo seu processo logístico de movimentação, como a armazenagem e o transporte.

Esses tipos de produtos necessitam de atenção redobrada quanto à segurança. Geralmente, são de origem química, biológica ou radiológica e representam algum tipo de risco para a população e o meio ambiente, como líquidos inflamáveis, gases, radioativos, explosivos ou tóxicos.

Conheça os 9 tipos de cargas perigosas

Conforme a Resolução 5.232/16, existem mais de 3 mil cargas que são consideradas perigosas. Elas são segmentadas em 9 grupos distintos com 15 subcategorias. Confira sobre:

1) Explosivos

Esse tipo de carga perigosa pode ser transportada em estado sólido, líquido ou gasoso. Podem ser as matérias-primas para fabricação de qualquer tipo de produto explosivo como pólvora, fulminato de mercúrio, azida de chumbo e nitroglicerina. Assim como, os produtos já finalizados como munições, fogos de artifícios, granadas e dinamites.

Como característica, tais produtos reagem químicamente produzindo uma grande quantidade de gás e calor, fazendo com que explodam e causem um dano significativo. Por isso, todo cuidado é pouco quando falamos deste tipo de material.

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) divide os produtos explosivos nas seguintes subclasses:

  •     Subclasse 1.1: Substâncias e artigos com risco de explosão em massa;
  •     Subclasse 1.2: Substâncias e artigos com risco de projeção, mas sem risco de explosão em massa;
  •     Subclasse 1.3: Substâncias e artigos com risco de fogo e com pequeno risco de explosão ou de projeção, ou ambos, mas sem risco de explosão em massa;
  •     Subclasse 1.4: Substâncias e artigos que não apresentam risco significativo;
  •     Subclasse 1.5: Substâncias muito insensíveis, com risco de explosão em massa; e
  •     Subclasse 1.6: Artigos extremamente insensíveis, sem risco de explosão em massa.

2) Gases

Os gases inflamáveis são aquelas substâncias que podem entrar em combustão. Dependendo do tipo de gás, isso pode ocorrer ao entrar em contato com o oxigênio ou diante de uma fonte de ignição como temperaturas geradas por chamas e fagulhas.

Alguns dos tipos de gases incluídos na lista de cargas perigosas são: acetileno, amoníaco, metano, propano, propileno, hidrogênio e butano.

O gás de cozinha, por exemplo, é feito de uma mistura de propano e butano.

Já os gases não-inflamáveis são aqueles que não entram em combustão naturalmente (diferente dos citados acima). No entanto, são também enquadrados como carga perigosa, pois podem ser asfixiantes ou oxidantes. Dentro deste enquadramento estão os tipos de gases como o hidrogênio e monóxido de carbono.

Os gases tóxicos também se enquadram nesta lista, eles possuem o potencial corrosivo e apresentam sérios riscos à saúde. Alguns deles são: amônia e sulfeto de hidrogênio.

De modo geral, podemos citar que os riscos que envolvem o transporte de gases são vazamentos, envenenamentos, congelamentos, explosões e incêndios.

Com isso, as subclasse desse tipo de carga perigos são:

  •     Subclasse 2.1: Gases inflamáveis;
  •     Subclasse 2.2: Gases não-inflamáveis, não-tóxicos; e
  •     Subclasse 2.3: Gases tóxicos.

3) Líquidos Inflamáveis

Os líquidos inflamáveis também são considerados um tipo de carga perigosa. Esse tipo de material possui como principal característica a possibilidade de entrar em combustão, seja por gerar vapor inflamável em determinadas condições de pressão e temperatura.

Os principais riscos relacionados com o transporte deste tipo de carga perigosa são incêndios e explosões. Podemos citar como exemplos os seguintes líquidos inflamáveis: gasolina, diesel, álcool líquido ou em gel, benzeno e solventes.

4) Sólidos Inflamáveis

Os sólidos inflamáveis são um tipo de carga perigosa sensíveis tanto ao calor, como à fricção, por isso podem pegar fogo durante o transporte devido ao atrito.

Alguns tipos de produtos como o carvão e algodão não processado podem pegar fogo de forma espontânea devido ao calor. Existem também aqueles materiais que ao entrar em contato com a água, podem emitir gases inflamáveis e tóxicos, como o cal virgem, carbureto de cálcio e magnésio metálico.

Veja quais são as subclasses desse tipo de carga perigosa:

  •     Subclasse 4.1: Sólidos inflamáveis, substâncias auto-reagentes e explosivos sólidos insensibilizados;
  •     Subclasse 4.2: Substâncias sujeitas à combustão espontânea; e
  •     Subclasse 4.3: Substâncias que, em contato com água, emitem gases inflamáveis.

5) Substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos

Os materiais oxidantes são termicamente instáveis. Além disso, podem iniciar um processo de combustão ao fornecer oxigênio, um dos exemplos é o peróxido de hidrogênio.

Já os peróxidos orgânicos, além de também serem termicamente instáveis, são sensíveis a choques e atritos. Outra característica desta carga perigosa é que passam pelo processo de decomposição exotérmica, ou seja, liberação de calor. Podemos citar nesta categoria peróxido de butila.

6) Substâncias venenosas (tóxicas) e substâncias infectantes

Dentre os tipos de cargas perigosas, as substâncias venenosas e tóxicas são aquelas que exigem um maior cuidado. Esse tipo de material pode ser transportado em estado sólido, líquido ou gasoso.

Em qualquer estado físico e independente da quantidade são materiais extremamente nocivos. Pois podem facilmente causar lesões e, até mesmo, provocar a morte por inalação, ingestão ou contato. Alguns exemplos deste tipo de carga perigosa são a atropina, tálio e ricina.

Por outro lado, as substâncias infectantes podem causar sérios danos aos humanos, animais e ao meio ambiente. Geralmente, este tipo de carga perigosa carrega consigo algum tipo de patologia infecciosa. Os exemplos mais comuns são os lixos hospitalares, animais de laboratórios contaminados e exames.

7) Materiais Radioativos

Os materiais radioativos liberam energia por ondas eletromagnéticas. A radiação é extremamente prejudicial à saúde dos seres humanos, podendo ocasionar leucemia, câncer e outras doenças.

Alguns exemplos deste tipo de carga perigosa são urânio, césio e cobalto.

8) Substâncias Corrosivas

Esse tipo de carga perigosa pode corroer tanto aços, como tecidos vivos, por isso o cuidado ao manipular este tipo de material é imprescindível. Tais substâncias também podem exalar vapores tóxicos.

Os exemplos de substâncias que se entram nesta categoria são: ácido sulfúrico, ácido clorídrico, hidróxido de sódio e hidróxido de potássio.

9) Substâncias perigosas diversas

Nesta classe estão alguns tipos de produtos que não se enquadram nas categorias anteriores de cargas perigosas. No entanto, são substâncias que oferecem riscos durante o transporte.

Alguns produtos desta classe, são: 

  • Óleos combustíveis;
  • Gelo seco;
  • Baterias de lítio e;
  • Dióxido de carbono sólido.

Quem pode transportar carga perigosa?

A ANTT, órgão responsável que regulariza e fiscaliza o transporte de cargas e passageiros em rodovias no Brasil, determina a regulamentação referente à documentação, adequação, marcação e rotulagem dos produtos enquadrados como cargas perigosas, bem como sinalização dos veículos.

Ainda, segundo a ANTT, o motorista do veículo que conduz produtos enquadrados como carga perigosa deve realizar e ter sido aprovado no Curso de Condutores de Veículos de Transportadores de Produtos Perigosos, também conhecido pela nomenclatura Mopp (Movimentação e Operação de Produtos Perigosos).

Confira a disposição completa sobre o assunto no site oficial da ANTT:

“O transporte rodoviário, por via pública, de produtos que sejam perigosos, por apresentarem risco para a saúde de pessoas ou para o meio ambiente, é submetido às regras e aos procedimentos estabelecidos pela Resolução ANTT nº 5.947/21, que atualiza o Regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e aprova suas Instruções Complementares, sem prejuízo do disposto nas normas específicas de cada produto.

De acordo com o Artigo 20 da Resolução ANTT nº 5.947/21, o condutor de veículo utilizado no transporte de produtos perigosos deve ter sido aprovado em curso específico, conforme regulamentado pelo Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN, salvo se disposto em contrário nas Instruções Complementares a tal Regulamento.

O Curso de Condutores de Veículos Transportadores de Produtos Perigosos, popularmente conhecido como MOPP – Movimentação e Operação de Produtos Perigosos, é disciplinado pela Resolução Contran no 168/2004 e suas alterações, e ministrado pelos órgãos ou entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal e instituições vinculadas ao Sistema Nacional de Formação de Mão-de-Obra, como, por exemplo, o Sistema SEST/SENAT.”

Quais os tipos de caminhões utilizados para o transporte de cargas pesadas?

Dependendo do tipo de carga perigosa a ser transportada, ela deve requerer um veículo adequado para a maior segurança do motorista e demais envolvidos no processo logístico.

Confira quais são os tipos de veículos adequados e quais classes de carga perigosa eles podem transportar:

Baú

O caminhão baú é o mais popular entre os tipos de veículos que rodam atualmente. É um veículo muito versátil quando o assunto são os produtos que eles podem transportar.

Alguns tipos de cargas perigosas requerem cuidados específicos, por isso ele pode ser climatizado, caso necessário. Ainda, se for utilizado para transportar material radioativo deve ser isolado com o material correto e estará totalmente seguro.

Sider

Esse tipo de veículo pode facilmente ser confundido com um caminhão baú. Mas a principal diferença está na carroceria que é fechada por lona, ao invés de metal. Evidentemente, os produtos a serem transportados são os em estado sólido e devem estar muito bem acomodados.

Tanque

O caminhão tanque possui um corpo metálico de alta qualidade, permitindo que o transporte seja feito com muita segurança, evitando vazamentos e acidentes. Geralmente, é utilizado para a movimentação de líquidos inflamáveis e variados tipos de gases.

Basculante

O caminhão basculante possui um ótimo espaço e permite um bom isolamento para o transporte de produtos de origem mineral. E alguns desses produtos são considerados cargas perigosas pelo potencial risco de contaminação ao entrar em contato com o meio ambiente.

Bitrem e Rodotrem

Estes são veículos formados por semi reboques unidos por uma roda de apoio, podendo possuir até nove eixos. Portanto, podem transportar materiais em diversos estados físicos, tanto sólidos, líquidos quanto gasosos.

Porta-contêiner

Este tipo de caminhão é formado por uma longa plataforma que estabiliza e transporta com segurança containers. O veículo porta-contêiner é uma ótima opção para as cargas perigosas que necessitam de transporte multimodal.

Principais cuidados para o transporte de cargas perigosas

Para garantir o sucesso no transporte de cargas perigosas, é preciso atender algumas premissas e evitar riscos. Confira quais são:

Sinalização

As diferentes placas são utilizadas para a identificação dos conteúdos existentes nos veículos que transportam cargas perigosas. A sinalização é essencial, afinal permite que em casos de sinistros, tanto de acidentes como vazamentos, que as autoridades possam agir de forma rápida.

Por isso, é obrigatório constar na placa os seguintes itens:

  •     Número ONU;
  •     Número de Risco;
  •     Classe de Risco;
  •     Classe; e
  •     Descrição 

Veja quais são as placas utilizadas por classes.

Embalagens corretas

Assim como as placas de sinalização visam facilitar a identificação, as embalagens homologadas possuem o mesmo objetivo de garantir a segurança do motorista e de terceiros. 

É preciso estar facilmente visível informações, como: qual tipo de produto está sendo manipulado e quais os potenciais riscos.

No site do governo federal é possível verificar o passo-a-passo para expedição de um produto inflamável, o Álcool UN1170, confira os detalhes.

Utilização de EPIs

Os Equipamentos de Proteção Individual, mais conhecidos como EPI’s são essenciais para todos os profissionais envolvidos no transporte e movimentação de cargas perigosas.

Como podemos observar, as cargas perigosas possuem nove tipos de classes distintas e, por isso, cada tipo de produto pode requerer EPI’s diferentes.

O uso de EPI’s é imprescindível quando o assunto é segurança. Vale lembrar que a empresa é responsável por disponibilizar e fiscalizar o uso desses materiais de proteção.

Torre de controle logística: recurso para monitorar as cargas em tempo real

Caso não sejam tomados esses cuidados, a empresa poderá ter diversos problemas como: falta de segurança logística, acidentes, explosões, intoxicação de funcionários, etc. Sendo assim, uma das maneiras de realizar um acompanhamento mais próximo para garantir que esteja tudo em conformidade é aderir à torre de controle logística.

Esta é uma central que reúne informações relevantes para a operação, como a visibilidade da geolocalização dos motoristas em tempo real, acompanhamento do status das coletas e entregas e relatórios personalizados.

O Aplicativo de Logística da uMov.me é uma ferramenta prática e intuitiva para os motoristas utilizarem no dia a dia. Pois com ele, é possível coletar dados em campo para colocar a torre de controle logística em prática e acompanhar as cargas perigosas.

Conheça as principais funcionalidades do Aplicativo de Logística da uMov.me

Considerações sobre o transporte de cargas perigosas

Como podemos observar ao longo deste artigo, o transporte de cargas perigosas requer atenção a todos os detalhes e rigidez com o cumprimento das regras de segurança.

Sendo assim, a sua empresa pode contar com uma solução que auxilia no monitoramento para que o gestor logístico saiba informações em tempo real onde estão as cargas durante o transporte.

A torre de controle é a solução ideal para realizar esse acompanhamento. Com um aplicativo de logística em mãos, fica fácil saber onde o motorista está e qual a previsão de chegada da carga no cliente. Faça o download de um guia completo sobre.

Torre de controle logística

 

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